Coimbra
por Raimundo Paulino
Coimbra remonta ao século passado
quando lia os autores da literatura brasileira especialmente aqueles que
viveram e produziram suas obras as quais retratavam o contexto social, cultural
e político do século XIX. Lendo a vida e a obra daqueles autores, podia
perceber a relação que existia entre a elite, sobretudo a que dominava a
sociedade da época. (Em tempo, sociedade brasileira). Já nesta altura havia uma
relação muito forte entre Brasil e Portugal mais precisamente no que se refere
ao privilegio de alguns abastados – filhos da elite - tinham de estudar na
faculdade de direito da Universidade de Coimbra.
No ano de 2011, para a minha
surpresa tive a oportunidade de estudar nesta tão privilegiada e reconhecida
faculdade européia e uma das mais antigas do mundo. Existe uma polêmica entre
os estudiosos quanto a que é mais antiga. O que envolve um complexo debate que
povoa no contexto das universidades de Bolonha (Itália), a de Salamanca
(Espanha) e a Sorbonne (França). Nesta disputa, acredito que quem ganhe seja a
de Coimbra, mesmo considerando que seja suspeito em afirmar tal facto.
Fui muito bem acolhido, o que de certa forma amenizou as saudades do
Brasil especialmente da família e dos amigos que tanto me deram força para
enfrentar a tão árdua luta de se estudar fora do país e tão distante da nossa
terrinha. Os primeiros dias foram de observação tanto do que se via e como do
que se percebia no que tange as formas das pessoas se relacionarem, seja na
língua, seja nos valores e costumes do povo português como um todo.
A minha chegada nesta cidade que
se assemelha um pouco com a cidade pernambucana de Olinda por apresentar um
relevo que apresenta muitas ladeiras e as suas ruas estreitas serem compostas
de pedras marca em minha vida muitos aprendizados e um aditivo cultural
exemplar. Não estou a falar só dos aspectos concretos e sim das pessoas, das
suas culturas, da culinária, da linguagem e enfim de todo o conjunto de fatores
que retrata toda a paisagem desta cidade portuguesa.
Portanto, posso assegurar que a
minha relação com a cidade de Coimbra tem sido das melhores possíveis nos mais
variados aspectos. Assim, ainda posso acrescentar que a vida neste país de
Fernando Pessoa, de Luis de Camões e de Eça de Queiroz para ficar só nestes
três é algo que acrescenta de muito valioso em nossa vida cultural e social.
Por Coimbra ser uma cidade universitária não significa dizer que só há estudos;
Existe muita coisa, além disso, por exemplo, muitos espaços sociais como forma
de lazer, em destaque o “fado” que acaba de ser eleito pela UNESCO o patrimônio
imaterial da humanidade. Esta foi uma conquista recente da sociedade portuguesa
e demonstra o valor e significado que representa para todo o povo que habita a
parte ocidental da península ibérica.
Em suma, viver e estudar nesta
cidade conhecida também por “universitária” pode ser considerado um privilégio
para poucos especialmente os brasileiros como eu e outros que estão a estudar
neste primeiro ano de curso. Portanto, a minha expectativa de passar os próximos
anos na terra tem permitido compreender melhor a cultura e as relações sociais
que faz o povo lusitano mais solidário e mais prestável com os estrangeiros,
sobretudo com os mais distantes.